A Assassina mais jovem do Canadá: Jasmine Richardson

O crime envolvendo Jasmine Richardson e Jeremy Steinke continua sendo um dos mais impactantes casos de true crime no Canadá. Em abril de 2006, Jasmine, de apenas 12 anos, e Jeremy, de 23, assassinaram a família de Jasmine em Medicine Hat, Alberta, um evento brutal que chocou o país e revelou as complexidades das influências online e da psicologia adolescente.

No dia 23 de abril de 2006, um vizinho chamou a polícia após uma criança ver um corpo pelo porão da casa dos Richardson. Os policiais encontraram Marc Richardson, 42 anos, sua esposa Debra, de 48, e o filho do casal, Tyler, de apenas 8 anos, todos brutalmente assassinados.

A filha mais velha, Jasmine Richardson, não estava entre as vítimas e inicialmente foi considerada desaparecida, levando a polícia a pensar que poderia ter sido sequestrada. No entanto, a verdade por trás de sua ausência era ainda mais aterrorizante: Jasmine, com a ajuda de seu namorado Jeremy, havia orquestrado e executado o crime.

Relacionamento obsessivo e criminoso

Jasmine e Jeremy se conheceram em um show de punk rock. Jasmine Richardson, que vivia em uma família aparentemente estável e tranquila, havia começado a adotar um estilo gótico e a buscar uma identidade própria. Ela encontrou refúgio em Jeremy Steinke, um jovem com histórico problemático e comportamento sombrio. Steinke, que se identificava como um lobisomem de 300 anos chamado “SoulEater“, sofria com problemas familiares e bullying na escola.

Esses traumas o empurraram para um mundo de fantasia e violência, o que também incluía a comunidade de “vampiros” online VampireFreaks.com, onde ele e Jasmine se comunicavam frequentemente.

A relação entre os dois rapidamente se tornou intensa e obsessiva. Jeremy era um adulto se relacionando com uma criança, portanto, um pedófilo. Quando os pais de Jasmine souberam do relacionamento, não aprovaram a ligação, especialmente devido à diferença de idade. Eles tomaram medidas drásticas, incluindo a destruição do computador de Jasmine para impedir seu acesso a Jeremy e a comunidades de influência negativa.

Esse ato intensificou ainda mais a rebeldia de Jasmine, que, ao se ver impedida de estar com o namorado, começou a elaborar um plano sombrio para “resolver” a situação.

Tirando os pais do caminho

Jasmine e Jeremy trocaram mensagens onde planejaram detalhadamente os assassinatos. Em uma mensagem a Jeremy, Jasmine afirmou que o plano seria matá-los para que os dois pudessem finalmente viver juntos. Em resposta, Jeremy encorajou a ideia, dizendo que adorava o plano e que eles deveriam ser “criativos” ao implementá-lo.

O relacionamento deles refletia claramente o desejo de emular uma espécie de romance sombrio, com eles se vendo como um casal incompreendido, unidos contra um mundo que os rejeitava.

Na noite do crime, Jeremy Steinke consumiu álcool e drogas antes de invadir a casa dos Richardson. Jasmine permitiu a entrada dele pela janela, e os dois iniciaram o ataque brutal.

Debra foi a primeira a ser atacada enquanto tentava proteger a família. Em seguida, Marc também foi assassinado enquanto tentava defender a esposa e a casa. Por fim, Jasmine foi ao quarto de seu irmão Tyler, e com ajuda de Jeremy, também o matou, justificando que queria poupá-lo de crescer como órfão. Depois do crime, o casal fugiu com a ajuda de uma amiga, Kacy Lancaster, que mais tarde foi acusada de cumplicidade.

Prisão de Jasmine Richardson e Jeremy Steinke

Jeremy e Jasmine foram capturados em menos de 24 horas, graças às investigações rápidas da polícia. Durante o julgamento, provas como mensagens e desenhos encontrados no armário de Jasmine evidenciaram a intenção premeditada do casal.

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A jovem e seu namorado pareciam ter se inspirado no filme Assassinos por Natureza, onde os protagonistas cometem assassinatos como uma forma de libertação. Esse mesmo filme também teria inspirado Eric Harris e Dylan Klebold, responsáveis pelo tiroteio numa escola em Columbine, nos Estados Unidos.

No tribunal, Jasmine alegou que não pretendia realmente matar sua família e que tudo havia sido apenas uma “fantasia” ou “hipótese”. No entanto, o júri considerou as provas irrefutáveis, incluindo testemunhos de amigos da escola que ouviram Jasmine falar sobre o plano, mas que achavam que ela estava brincando.

Jeremy, por sua vez, foi condenado a 25 anos de prisão, enquanto Jasmine, devido à sua idade, recebeu uma sentença de seis anos de detenção, seguida de quatro anos de supervisão.

O caso ficou conhecido como “Runaway Devil” devido ao apelido de Jasmine em sua conta online na rede social VampireFreaks.com, e o nome marcou o impacto do crime na mídia canadense e na comunidade de true crime.

Durante sua pena, Jasmine passou por tratamento psicológico intensivo, e após ser liberada em 2016, aos 22 anos, ela passou a viver com uma nova identidade, tentando reconstruir a vida. Jeremy permanece encarcerado e também mudou de nome.

Apesar do tempo, o caso Jasmine Richardson e Jeremy Steinke é lembrado como um exemplo de como influências online, a vulnerabilidade psicológica e as pressões sociais podem levar a decisões extremas e devastadoras.

O crime levanta questões sobre a influência de redes sociais na radicalização de jovens e expõe a necessidade de suporte adequado para adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Em última análise, a história de Jasmine Richardson e Jeremy Steinke é um lembrete sombrio dos limites entre fantasia e realidade e das trágicas consequências que podem resultar dessa fusão.

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