Desde criança, eu já curtia true crime.
Assistia o bom e velho Linha Direta, da rede Globo. Lembro também nitidamente de acompanhar o caso do Maníaco do Parque no programa Aqui e Agora, do SBT. Me choquei em 2002, quando o Caso Richthofen tomou os noticiários. Chorei em 2003 por Liana Friedenbach e por Felipe Caffé.
Mas considero que o bichinho do true crime me picou mesmo através de um livro que encontrei na prateleira da minha mãe. O gosto por casos criminais reais é de família (risos)!
O livro se chama Manson – Retrato de um Crime Repugnante, que está sendo relançado agora pela Darkside Books, com o nome Helter Skelter.
Só que a cópia que pertencia a minha mãe (e agora pertence a mim, pois surrupiei na maior cara de pau) estava bem detonada, toda emendada com fita adesiva.
A capa amarelo-mostarda, e talvez também o estado de conservação cacareco total em que o livro estava me chamaram a atenção.

Esse livro foi escrito pelo Vincent Bugliosi, o promotor do caso e publicado na gringa com o nome de Helter Skelter em 1974. Minha mãe se lembra de ter comprado a versão brasileira entre 1975 e 1980, eu não era nem nascida!
Na contracapa havia fotos dos acusados dos crimes e eu achei que a Leslie van Houten – a mais bonita dos seguidores de Manson, aliás – se parecia com a minha mãe quando novinha.

O livro saiu do catálogo da editora Record e hoje em dia só é possível encontrá-lo usado – e geralmente o povo cobra bem caro, viu?! Como eu já disse acima, a Darkside Books está relançando em 2025.
O meu exemplar eu não dou, não vendo e nem empresto, pelo valor sentimental. Que livro sensacional! Há quem diga que ele só traz mentiras, e agora eu até entendo algumas das mentiras que têm nele, mas ainda gosto.
Eu tinha apenas 15 anos e fiquei absolutamente imersa na leitura. Eu estava acostumada a ler livros “de adulto”, com temas e linguagem relativamente densas. Afinal, eram outros tempos. Não existiam essas redes sociais que deixaram a gente com o mesmo nível de concentração de um peixe de aquário.
A resenha que eu postei em 2010 no Skoob:

Aquela leitura me acompanhava diariamente no ônibus, na ida e volta para o colégio, e eu improvisei uma capa branca com uma folha A4 para esconder a capa real do livro, por receio de que alguém pensasse que eu era maluca ou perigosa e tivesse medo de mim. True crime não era cool naqueles tempos.
A partir daí, me acostumei a devorar livros sobre este caso Charles Manson (já li uns seis livros diferentes), mas também sobre outros casos.
Então resolvi direcionar minha tendência a hiperfoco e criei um canal de True Crime no Youtube, pra junto com vocês, poder estudar e refletir sobre todas essas histórias trágicas. Clicando na imagem abaixo você pode abrir o canal:

Acho que analisar pessoas cruéis é uma das ferramentas mais poderosas para genuinamente desejarmos ser bons seres humanos.
Observar a tristeza para valorizar a felicidade.
Olhar o caos para amar a tranquilidade.
Presenciar a guerra para apreciar a paz.
Refletir sobre a morte para valorizar a vida.
Ninguém apreciaria a luz se não houvesse a escuridão.